Uma das vantagens de fugir uns dias do circuito virtual da vida ...

... é a imensidão de coisas boas que somos dados apreciar e viver.
sim. vivi quatro dias sem telemóveis ligados. sem aceder ao email. sem estas comodidades e correntes que nos obrigam a estar sempre disponíveis e contactáveis.
e não apenas sobrevivi, como VIVI. intensamente. 
Foram tantos os momentos. foram tantas as partilhas que ficaram adiadas de acontecer...
Foram dias em que o vermelho sangue da liberdade se misturou com o vermelho sangue da paixão. em que a música se fundiu com a poesia.
Precisava desta fuga. 
Não entendo, para ser sincera, quem tem de estar sempre contactável. quem tem de estar sempre disponível para a sociabilização virtual. fazem-me falta silêncios. até me fazem falta alguns desacertos e desencontros. sou assim. no que isso me traz de bom e de menos afortunado, sou assim. gosto e preciso dos meus momentos comigo apenas. ou connosco apenas. preciso de momentos em que me sinta como que numa bolha de oxigénio em que multidão nenhuma penetre, porque é só nossa e secreta.

Foram dias frenéticos, é bem verdade. mas foram nossos. e validaram as opções de vinte anos. mesmo não existindo espaço para momentos a dois, como desejava, e sabia que precisávamos. outro dia. mais tarde. outro dia chegará uma pausa a dois. pelo sonho vamos vivendo a vida. e esta, nestes dias, não nos permitiu estar a dois.

Tivémos cravos oferecidos. oferecemos cravos. cantámos senhas e contra senhas e contámos histórias da construção do nosso sonho colectivo da liberdade. trouxémos setenta e quatro para dentro de nossa casa.
Tivémos músicas e poesias e canções e declamações e trovas de amor à língua portuguesa e à arte. estivémos com pessoas extraordinárias que nos fizeram sonhar e voar por séculos de amor em português.
Acreditámos que a rir também se dá saúde e agradecemos a quem dá do seu tempo livre para curar a doença da tristeza nos hospitais.
Preparámos dias festivos que se avizinham.

Foram quatro dias fantásticos. sem telemóvel. sem computador. sem aplicações que me obrigam a estar disponível para toda uma teia de "amigos" e conhecidos em rede.


vivi. vivemos. 
sofri também, mas não é isso que quero reter. quero reter o brilho de um cravo vermelho de esperança. o riso das [minhas] crianças. as experiências vividas em primeiro momento. as emoções trocadas entre um palco e uma plateia fundidos pelo mesmo amor. a promessa do doce carinho e conforto que os nossos ovos moles sempre proporcionam. e o sussurro de que viveria estes vinte anos de desafios. lutas. entregas. desventuras. amor. uma e outra vez. viveria não. viveríamos. minto... viveremos 

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