"cosyness" | my winter and the need of a fireplace
Neste inverno temos sentido todos a falta de uma lareira de forma intensa. muito intensa. falta-nos o som da lenha que crepita em danças improvisadas com a chama que nos ilumina e aquece o corpo e a alma. temos falado amiúde desta nossa necessidade, mais que vontade, de termos a nossa lareira: fazermos o nosso ninho com o som, a cor, o brilho e o esplendor de uma lareira ardente.
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enquanto não é possível de modo permanente, aproveitamos os momentos em que se torna uma realidade. como este fim de semana, entre amigos, chuva permanente, serra, frio e boa companhia. fizémos do tempo lá fora pretexto para nos aninharmos cá dentro em torno da lareira. lume e fogo. mantas e chá. livros e viagens sem sair do ninho. jogos de cartas, risos, filmes. chocolates e chá e conversa boa. comidinhas caseiras e retemperadoras e o som da chuva lá fora. lembrando-nos sem parar que estávamos a salvo na segurança e aconchego das paredes de pedra que nos acolhiam e abraçavam contra o vento e a intempérie.
É bom voltarmos onde sempre somos felizes e eu amo esta terra entre a serra do Arestal e a grande laguna do Vouga, (muito próximo do) berço dos meus avós e a forma como as relações humanas são vividas e como a cumplicidade da boa e sã vizinhança é alimentada nos pequeníssimos gestos carregados de amizade: nas ofertas e trocas dos produtos da terra. nas casas sempre abertas para um chá. ou um copo de vinho. ou licor de mirtilo, ou dois dedos de conversa. é bom voltarmos e eu fico sempre grata, feliz e enternecida quando regresso ao Couto. ao também já meu Couto. Porque berço e herança também se constroem de memórias afectivas e efectivas com novos espaços. porque já sou de lá como esta terra já é de mim.
Obrigada aos amigos que generosamente nos permitem sentirmos esta terra cada vez mais nossa. obrigada por construírem connosco peças do grande puzzle do nosso baú de memórias e tesouros.
Este fim de semana regressámos e com a chuva permanente, a lareira sempre quente e convidativa, as partilhas de memórias do passado e a construção de cumplicidades futuras vivemos uma tranquila e serena forma de felicidade.
E percebemos mais uma vez que um dia vamos ter a nossa lareira. e o nosso canto de serra ou de mar num dos sítios onde somos felizes. porque somos de lá como estes sítios são de nós.
imagem: weheartit.com
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