Se eu pudesse...

... vinha cá todos os dias contar como está a ser a adaptação a este novo espaço e rotinas. colocava fotos e apontamentos da metamorfose que lentamente a casa vai sofrendo e dos bons momentos (entretanto)lá vividos.colocava os milhentos posts que, durante as noites de insónia sucessivos construo mentalmente, na certeza de que pela manhã ainda os conseguirei reproduzir o que invariavelmente não acontece. encontrava, como consegui fazer durante esta madrugada, uma forma genuinamente bem disposta de contar como está a ser viver numa casa onde quatro dos seus cinco ocupantes estão doentes a valer. como os dias são consumidos entre ais e uis e febres e dores e prostrações várias. como as noites são interminavelmente preenchidas de choros e mimos e frustração porque as dores não lhes passam e o corpo não repousa. se eu soubesse como, fazia desta cabeça pensante, sempre pensante, por demais pensante, uma ligação direta a este espaço de partilha. para assim me sentir mais acompanhada. se eu conseguisse, mandava a minha doença crónica passear, porque me diminui como prestadora de cuidados quando eles os quatro precisam de mim. de que vale ser a única sem as bichezas a devorarem as mucosas, ou a banquetearem-se nas amígdalas ou a brincarem com os ouvidos alheios, se depois não consigo, como devia, ser resistente o suficiente para eles? hoje sinto-me um trapo. e não gosto. não gosto de ficar eu doente por cuidar de quem amo. não gosto desta sensação de impotência e fracasso no controlo do meu corpo e da minha capacidade de resistência. hoje não gosto de estar aqui sozinha, sem retaguarda familiar de qualquer espécie. hoje sinto-me só e preocupada por eles. eles que são o meu tudo.

Comentários

  1. olha q gande açorda que pai vai! :)
    o que vale é que isso vai passar! e tu q és um dos lemes do barcos, ja sabes que dps da tempestade, vem sempre o sol!

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