post sciptum

Nada fica igual depois de passarmos por uma situação destas...
Abrem-se buracos negros nas emoções. Vive-se com o mundo dentro à flor da pele.
Reage-se mal ao som da sirene. Muito mal.
Inventam-se sorrisos e gargalhadas para tornar os dias menos diferentes aos pequenos.
Reinventamo-nos. Procuramos renascer...

E depois, não nos deixam. Burocracias chamam-lhes. Eu chamar-lhe-ia uma sociedade transformada em códigos de barras e em números de processos. É a nossa vida porra. Somos nós. Os 5. Queremos reagir. Queremos fazer coisas. Contrariar os efeitos do 29 de Novembro, que será para sempre o 11 de Setembro das nossas vidas. E não nos deixam.

E reinventamo-nos no amor de uns pelos outros. Ancoramo-nos na família. Nos amigos. Nas teias de sentimentos que nos enlaçam e nos abraçam e aquecem.

E é duro. É difícil. É atroz.

Mas é um capítulo da nossa vida que só nós podemos viver. Não podemos ignorá-lo. Não é possível. Vai fazer sempre parte da nossa história.

Eu também ardi naquele incêndio. Não foram só as minhas coisas. Parte de mim ficou carbonizada ali naquele dia...