o [meu] silêncio tem voz[es] que o habita[m]
o silêncio habita nas ruas da minha cidade. um silêncio novo, povoado de sobressaltos, dúvidas e provações. vivido à porta fechada. apartado das ruas que são sinal milenar da nossa necessidade de estarmos em caminho, parando em tantas mansiones [depois malapostas] quantas necessárias para, pouco a pouco, troço a troço, unirmos o [nosso] ponto de partida ao [nosso] ponto de chegada. o silêncio habita agora as ruas da minha cidade. um silêncio formado pelo bater cadenciado de milhares de corações. um silêncio novo e distinto, que se afirma como testemunha e prova principal deste novo e inaudito ritmo dos dias. o silêncio habita agora nos corredores do meu prédio. um silêncio novo, prenhe de vontade de ganhar voz para sair do anonimato das até agora confortáveis formas de vizinhança distante, para assim tecer novos laços de pertença e comunhão. o silêncio habita agora nas ruas da minha cidade. um silêncio novo, carregado de insuspeita esperança por um amanhã franco e lum